Um cenário verde que abriga um campo de batalhas que foge aos olhos humanos. Os indivíduos vegetais fazem de seu habitat uma guerra particular, competem por luz, água e nutrientes. O que acontece nesse épico? Entenda aqui!
Que lugar vem à cabeça quando o objetivo é ter um momento de paz? Um lugar silencioso? Com um fundo verde que se perde de vista? Nenhuma perturbação. Ahh esse sentimento de paz na Terra! Mas paz para quem?
Esse mundo verde, quase indistinguível ao olhar humano abriga seu sem número de espécies vegetais. E acreditem ou não, paz é a última coisa que essas plantas serenas estão tendo em seu ambiente selvagem. Travam guerras para garantir o pão vosso de cada dia. Guerras tão silenciosas que é de se espantar o tamanho da agressividade. Brigam pela luz. Recurso valioso que permite a realização da fotossíntese, um processo tão complexo que utiliza a energia a luz solar como fonte para sintetizar carboidratos a partir de CO2. Carboidratos necessários para toda forma de vida... pois é!
Mas é aí que começa a briga: uma planta tem que conseguir seu espaçosinho dentro de um ambiente tão denso. Sua sobrevivência depende disso e dá-lhe competição entre os indivíduos: crescem rumo à luz, aumentam o tamanho da folha, se empoleiram aonde der, às vezes até parasitam alguém que já conseguiu seu lugar-ao-sol e nada tinha a ver com a briga lá em baixo. Doa a quem doer.
Então tá né... melhor olhar para baixo, curtir aquela tranquilidade... e encontrar uma briga mais feia ainda. A taxa que o ambiente cobra pelo carbono é alta: por onde ele entra, tem que sair água. E sai muita água. E a água tá lá no solo, onde nossos olhos não chegam, mas as raízes sim. Começa a briga por água, por nutrientes, por espaço para se fixar. Longe da vista de todos perdem o pudor. Nessa briga vale tudo: a raiz cada vez mais para baixo, cada vez mais para lateral. Ganha quem chega fundo, quem pega espaço. Vale lançar compostos químicos no solo ao estilo de falar com as concorrentes: aqui você não se cria. Vale se aliar a fungos e aumentar a área de absorção.
E nós lá, contemplando esse cenário verde, calmo, tranquilo. Buscando a paz interior no campo de batalha alheio. Mas com a mente quiete de quem sabe que não tem nada a ver com isso. Afinal, sua guerra do dia-a-dia é outra, e não tem nada de verde nela.
por Ricardo Bianchetti
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